Atualmente tem se pregado algumas amenidades como se fosse o verdadeiro evangelho, não digo isso a respeito do jugo suave que o Senhor nos promete, mas sim a respeito do convencimento do pecado. A Igreja de hoje, muitas vezes, tem apresentado ao ímpio apenas as bênçãos de Deus, como fosse uma propaganda do programa de milhagens do Cartão Crédito da Oração.
Nesta relação de troca, existe a busca por prosperidade financeira, pela cura para enfermidades e de problemas sentimentais e amorosos, todavia, este tipo de abordagem tem gerado “crentes” que vêem Deus como um banco, um hospital e às vezes, até mesmo como um livro de auto-ajuda. Não conseguem enxergá-Lo como seu Senhor e nem ao menos como Salvador de suas vidas. É claro que os problemas pessoais podem ser fontes de aproximação ao evangelho, entretanto, será que nossa função é apresentar um sistema de resolução para seus problemas ou a de apresentar o nosso Deus como o Senhor do Universo?
Deus realmente pode todas as coisas, em João 1:3 vemos que todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele, nada do que foi feito se fez. Vemos ainda em Hebreus 11:3 que Ele, pela Sua palavra, criou os mundos e o visível que não foi feito do que podemos ver. É obvio que Ele pode melhorar a vida de qualquer pessoa, mas será que esta é a mensagem que devemos pregar? Será que as bençãos não devem ser conseqüências de uma vida de obediência à Cristo? Será que nos esquecemos o que Deus tem falado através de seus profetas em sua Palavra?
Essencialmente, através da narrativa bíblica, Deus tem chamado os gentios ao arrependimento. Ainda hoje nos fala como disse a Jonas no capítulo 1 v. 2 “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença”, pois existe hoje alguma diferença entre nossa sociedade e Nínive?
Eis que, em sua época “apareceu João Batista batizando no deserto, e pregando o batismo do arrependimento, para a remissão dos pecados” (Mc 1:4) e colocando a Cristo como redentor da humanidade proclamando “... Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 29:1b). João Batista levantou-se fazendo a sua vez como profeta, e por ser fiel à sua tarefa foi considerado por Jesus o maior entre os Homens (Lc 7:28). É claro que muitos deviam chamá-lo de louco, pois andava vestido em pelos de camelo, comia gafanhotos e mel silvestre. Ainda assim, foi ouvido na província da Judéia e em Jerusalém, e estes iam até ele para confessarem seus pecados e serem batizados no Jordão.
Será que hoje somos obrigados a pregar outro evangelho devido à pós-modernidade ou que tornamos tão prepotentes a ponto de apresentar um evangelho de amenidades na esperança de ajudar a Deus? O Salmo 51:13 diz que “Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a Ti se converterão” e em Tiago 5:19,20 “Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”.
A verdadeira conversão de um Crente vem do arrependimento e não da busca por bençãos. Na concordância da bíblia Thompson, a palavra converter arremete à arrepender-se e logo abaixo nas referências citadas, a palavra tem este mesmo sentido. A pré-condição para a verdadeira conversão é o arrependimento. Vejamos o episódio da cura do paralítico, antes de operar o milagre Jesus perdoa os pecados do paralítico, na seqüência temos um adorador glorificando a Deus (Lc 5:17-26).
Não nos abstenhamos de buscar o poder de Deus para a Igreja e suas bençãos, mas não tenhamos isso como tema central de nossa vida Cristã. Nos esforcemos pregando o arrependimento e a Cristo como fonte de perdão dos pecados para Salvação, tendo como base a obra que Ele tem desempenhado em nossas vidas.
“E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra” (Dt 28:1).
Luciano Seraphim Gasques